O que é preciso, concerteza, é ter dois ou três ou mais dedos de testa, para transformar esta realidade banal em alguma coisa de "palpável" que transforme a vida da gente.
Foder é fácil. Afinal, bem vistas as coisas, literalmente, todo o bicho careta fode. Ou pelo menos, pode foder.
Trata-se tão só e simplesmente de arranjar o caminho mais curto para um macho convencer uma fêmea a deixá-lo esvaziar os tintins, de toda a força vital acumulada no escroto da vida. Mas, que não hajam ilusões, desde o início dos inícios do tempo, que isto pode perfeitamente ser visto na perspectiva oposta, ie, a fêmea pode perfeitamente assumir o papel de esfomeada de sexo e do prazer decorrente e procurar um macho que esteja disposto a oferecer-lhe um orgasmo, ou pelo menos uma excitação bem passada (mais ou menos bem passado, conforme o gosto). Sexo fraco, pois sim...
Para quem fode assim, o tempo é o obstáculo a ultrapassar, com os dentes cerrados e a obstinação de qualquer mula de carga. Uma coisa é sempre garantida: assim que possível, os protagonistas deste frenesim, desatam a correr pela espinha acima de quem montam, para só pararem, já cansados e satisfeitos, no fim de mais uma pratada, que engoliram esfomeados.
Que grande merda!
Que grandessíssima merda!
Foder é para bicho e, salvo as araras e mais 2 ou 3 espécies, que acasalam para a vida, os outros bichos, quando fodem, é para a reprodução da espécie. Muita gente, quando fode, é para e pelo prazer de foder.
Toda a gente tem direito à diferença mas eu, não gosto desta gente. Pelo menos para foder.
É incontável o número de queixas, enganos e angústias que se pronunciam, a cada segundo, sobre os amantes. "... não sei seme enganou quando gemia ou se fingiu estremecer quando, afinal, queria era ir dormir, porque amanhã tinha que acordar cedo e este era o último assunto "a despachar" antes do merecido repouso..."
E admiram-se... de não ser como gostariam...
Não é impossível encontrar água no deserto, mas é bem mais difícil, como poderá atestar qualquer geólogo certificado.
Como pensam sequer em chegar onde quer que seja quando nem sequer se põem ao caminho?
Amar com o corpo, é uma arte. Acessível a todos, sem excepção, acredito eu. Mas reverenciável, como todas as artes, e digna guardiã de alguns segredos que faz por revelar apenas a quem se lhe entranha, com a vontade de se ali se perder para sempre.
A verdade é que pode não ser para sempre, mas tem que haver vontade de se perder e entregar, antes de querer ganhar o que quer que seja.
Arrisco que a primeira parte começa com a descoberta do gosto e prazer que se tem em proporcionar prazer a alguém. Gaita, esta é simples, afinal de contas, amar, à séria inclui fazer do bem do outro uma prioridade maior do que o bem do próprio.
Amar com o corpo, começa com o coração. O resto, é piloto automático.
Se houver um dia de aniversário de quem amamos, proporcionamos-lhe o que mais gosta, para usufruir da felicidade do outro. E faz-se, mais do que de forma abnegada, faz-se com o gosto e prazer que só se pode ter quando se vê a satisfação de quem se ama.
Amar com o corpo... é mesmo assim. Todos os dias de amor são uma busca incessante de dar, sem preocupação de receber, são a vontade de ver feliz. Sem mais nada.
A magia aparece quando não nos preocupamos nem com ela, nem connosco. O génio da lâmpada vem-... apenas quando ninguém o chama... e é delicioso...
Quando se vive assim, mais tarde ou mais cedo, o parceiro que temos vai querer também partilhar desta felicidade de dar. Ou não. Ou não percebe. Ou não gosta. Ou simplesmente, prefere foder. Aí,... bom, nesse caso, manda fora. Não serve, de pobre que é e mais pobre que ficará, à medida que o tempo lhe passar por cima. Se no arranque e no enlevo do início, não se despertam estes sentires, concerteza que, mais tarde, também não conseguirão perfurar a crosta de indiferença, stress, urbanidade e quotidiano, que entretanto se forma.
Quando o parceiro que temos, se apercebe da magia do dar,... ai, ai...
É só imaginar dois corpos que se juntam sem pressas de mais nada e sem vontade de chegar a lugar nenhum, entretidos, ambos, no desejo e prazer do outro... encomendada, não há felicidade assim. Só natural.
O encontro começa por ser o dos olhos que sorriem, outra vez, quando se vêem, e mais outra e mais outra... sem se cansarem. Amar inclui o conhecer, porque amar é desprendido mas interessado. Muito interessado em saber do outro.
A seguir, vem o beijo. Hummm.... Um beijo pode ser o começar de qualquer coisa, ou o explodir imediato de outra qualquer. Um beijo só tem um começo, não tem fim. Um beijo que se dá, é para durar o tempo todo, para conhecer os recantos dos teus lábios e a ternura da boca que se oferece, sem pedir nada em troca. Um beijo é também uma escalada violenta de emoções e abandono de prenúncio de um evento que transtorna, a cada vez.
Um beijo assim pode ser aprendido, mas tem sempre que ser fruído. Caso contrário, não passará do entrechocar mais ou menos espasmódico de uns lábios contra outros, em que a língua não é mais que toupeira à procura de presa num buraco escuro.
NÃO!!... não... não...
Um beijo é um acasalamento delicado e lânguido de dois corpos que se apreciam e abandonam ao outro e ao tempo que não lhes falta. Um beijo é quando a minha boca desliza colada à tua ao som de um tango de Astor Piazzola: com firmeza, para que não caias quando te inclinas e eu te apoio, com a suavidade que te derrete, e com a liberdade de movimentos necessária para vires de novo ao encontro aos meus lábios.
Não há par para lábios que gostam de saborear o tempo e uma língua que se abandona à carícia de mim.
--work in progress --
2 comentários:
Grande post.
Fico à espera da continuação
curiosamente, apesar de adorar o tema, fiquei insatisfeito com o que escrevi.
é-me difícil por em palavras o que sinto no corpo, parece-me sempre tremendamente incompleto...
PS: word verification é para evitar spam... sorry for the inconvenience
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