recusei-me hoje, no final de um dia, a pensar mais.
não quero mais olhar e ver, apenas aceito as manchas e sombras do que existe.
estou cansado e já não tenho ânimo para puxar debaixo do meu peso a réstea de esperança que ainda sentia quando sorria, enquanto olhava e sentia a luz do mesmo sol que me abandonava, ao início da noite.
a noite que adoro e onde me vejo a coberto dos olhares que me poderiam descobrir.
encolhi o espaço do bater do coração para diminuir o impacto da vida no meu peito. e fiquei mais tranquilo, assim, alheado da realidade ausente, à minha volta.
trucidei, consciente, a menina dos olhos que adivinhava as cores das coisas. agora vejo escuro, e é mais tranquilo.
deixarei de ver, em breve, e ficarei, concerteza, bem mais em paz.
há muito, ou não... sim, há muito tempo que convivemos juntos e a mim foi sempre deixado o peso mais amargurado e as tristezas mais sós, que aos outros não cabiam. aceitei-as a todas, enquanto não pensava se tinha arrumação para tanto fel.
chega e sobra, sei hoje. mas já deito fora o tom mais grave com que exprimi em tempos o meu desdém. já não me importa.
assim, será concerteza mais fácil, e não terei que virar a cara à luz que me feriu todos os dias.
é muito triste, a alvorada do homem, quando já não espera a manhã.
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