sexta-feira, maio 06, 2005

não sei o que faça


mas podia ficar a fazer isto durante algum tempo. Uau, que silêncio. Vou por a minha música. Já estou a imaginar: “q chato!” “q melodramático” Pois é. Mas acho que se pode dizer com muita segurança, que eu amo aquela música.

Amo.

Eh lá... a palavra ribombou-me no cérebro, nas mãos e nos olhos, quando a escrevi. Hoje é um dia difícil. Mesmo sem a minha amiga russa, tenho tido os olhos completamente enevoados, a criarem margens imaginárias para segurar a torrente de lágrimas que teima em querer sair.

Tenho sido afortunado. Tenho amado imenso – q se lixe – já cá não está ninguém mesmo... vão ser lágrimas incógnitas. Como aliás, são todas as minhas lágrimas...

Tenho acreditado, à medida que a vida foi passando que fui agraciado com a sorte de ter amado mais do que julgava capaz e ter sido, também, muito amado. Pelo menos foi assim que me senti, tivesse sido verdade ou mentira.

De cada vez, tive novas qualidades para amar na pessoa a quem queria, novos defeitos para sorrir e uma sempre, ou quase sempre, renovada energia, para sonhar em ser muito, muito feliz.

Dias deliciosos, recordo noites supremas de entrega, de intimidade, de prazer e muitissimo amor. Contava eu, a uma boa amiga, há uns tempos atrás, “como pode não correr bem, a entrega dos corpos, sempre que vier depois da entrega do querer das almas?”
Como podemos não ficar absolutamente loucos, quando sentimos que as mãos mais do entram no outro corpo que se entrelaça no nosso como se tivesse sido predestinado?

E é sempre assim, quando se ama. Sempre.

O resto? Ui... o resto, arrisco-me a dizer que é, pelo menos tão bom.
Deixa-me lembrar: querer muito bem a alguém o dia todo, sorrir a toda a hora, com a boca toda, como alguém me dizia, beber as palavras, os olhos, os cabelos, os lábios e todas as variantes das expressões que faz a pessoa que amamos. Querer saber tudo o que for possível sentir e que emana das mãos que nos tocam umas vezes de forma tão casual e outras nem tanto. Mas é sempre tão bom.

Fixo as imagens que recordo agora, quando amar era uma via de dois sentidos com um tráfego alucinante, e queimam-me as pálpebras as parvas das lágrimas que me escorrem pela cara abaixo.
Estou uma sombra do que já fui.
Sinto-me com metade da estrutura que já tive.
O pior é que eu sei que não pode ser assim. O pior é que para ser assim, seriam precisos dois...

Que loucura de memórias... deixa-me tentar explicar o envolvimento dos amores quando são incondicionais: quando penso no que amei e como fui amado, lembro-me sempre das minhas “crianças”, lembro-me da minha “gente pequena”.
Incondicional traduz-se em, por vezes, sofrer absolutamente à parva e nem pensar nisso, em viajar à velocidade da luz para encontrar o que satisfaça o objecto do nosso amor. E não querer em troca. Eu sei que é um lugar comum. Não faz mal, é essa a verdade que sinto.
Gaita, se eu pudesse explicar e fazer sentir o que vêem os meus olhos, e me aperta o peito...

Não consigo. E dizem-me que tento da forma errada. Não aceito. Não podem haver formas erradas. Existem encaixes e ajustes que são possíveis e têm sucesso com umas pessoas e com outras não. Mas nada disto tira mérito à intenção. Nada disto faz com que o querer que existiu, passe a ser ignóbil. Vai continuar a ocupar um espaço fixo e reservado no coração de quem amou. Que ninguém se preocupe... temos todos um coração gigante, com mais espaço do que imaginamos, onde convivem mais bem-quereres, do que alguma vez julgámos possível. E é tão bom que assim seja.

Não sabemos nada do viver, do querer, e sabemos ainda menos do amar. O que nos parece um mundo de contradições não é mais que a tradução das marés de viver. Calmas, revoltas, ou absolutamente catastróficas para quem está perto.

E depois?... depois nada.
É mesmo assim e só temos que tentar manter-nos à tona da água, enquanto fortificamos como podemos o amor que sentimos e damos vigorosamente à bomba de água para que não afundemos.
Se pararmos de fortificar ou bombear, morremos. Porque nos acomodamos e ficamos mais frágeis ou porque deixamos de expulsar o que não é de dentro.

PORRA! O LUGAR DA ÁGUA É NO MAR!
Não é dentro do barco...

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Sei lá o que faça da vida...

mas acho que a vida ainda anda mais desorientada em relação ao que há-de fazer de mim.

1 comentário:

Anónimo disse...

There is a time for everything, a season for every
activity under heaven. A time to be born and a time
to die. A time to plant and a time to harvest. A time
to kill and a time to heal. A time to tear down and
a time to rebuild. A time to cry and a time to laugh.
A time to grieve and a time to dance. A time to
scatter stones and a time to gather stones. A time
to embrace and a time to turn away. A time to
search and a time to lose. A time to keep and
a time to throw away. A time to tear and a time
to mend. A time to be quiet and a time to speak
up. A time to love and a time to hate. A time for
war and a time for peace.

Best wishes for continued ascendancy,