quinta-feira, janeiro 03, 2008

Não gosto de sentir que não é meu o melhor dos dias que vivo


Não gosto de serviço de louça para visitas
Não gosto de faqueiro para ocasiões especiais
Não gosto de roupa especial para mostrar aos outros
Odeio a escravidão da vaidade de ostentação.

Adoro utilizar o que há de melhor, ao meu alcance, todos os dias; porque assim, os meus dias não têm como não ser todos especiais.
Adoro comer na mesa com as mesmas condições que ofereceria à visita mais distinta, porque não imagino uma única razão pela qual as visitas devem ter melhor tratamento que eu próprio.
Gosto de ideia de jantar em casa com a mesma roupa que vestiria para um evento qualquer onde as outras pessoas usam a melhor roupa que têm.

Atente-se que não sou contra a bela pantufa e de um dia de preguiça no sofá. Um dia. Ou outro. Não uma vida.

Onde é que perdemos a capacidade de atirar o melhor de nós a todos os minutos dos dias que cruzamos?
É que os dias comuns, os da rotina, só são medíocres porque os alimentamos assim.

Se não é para mim não deveria ser para mais ninguém.
Parece egoísmo? Talvez não.

O que se faz deve ser determinado em primeiro lugar pelo carácter de quem age? Ou pelo bem que parece?

Então porque fazemos a festa e montamos o palco para quem vem se não tratamos assim quem está?
Corremos o risco de não ser mais que falsas marionetas de um efémero espectáculo de viver que se estalará como o mais reles verniz, ao primeiro toque de uma qualquer adversidade.

O arquétipo (eu sei que é abuso, mas desculpa lá, ó Jung) de varrer para debaixo do tapete poderia perfeitamente ter uma tradução parecida com esta.