terça-feira, agosto 16, 2005

regresso

Hoje voltei ao trabalho. Com os sentidos ainda meio adormecidos, lá arrastei a carcaça pelos corredores afora e entre as secretárias do open-space onde estou “sediado”.

As férias foram boas. Descansativas.

O regresso é que está meio penoso. E não é comum, porque pertenço àquela espécie rara que gosta de voltar ao trabalho. Mas desta vez, não. Talvez seja porque a chafarica está também deserta... como a cidade, aliás.

Claramente adormecido, e sem razão para isso. Tenho dormido muito nos últimos dias e não haveria justificação para esta aparente apatia.
Vou-te gravar como draft e já venho; vou beber um café a ver se isto anima. Ainda se tivesse aqui a minha música de cortar os pulsos...Volto já.

I’m back. Mas a coisa não melhorou.

Lembrei-me agora: ultimamente tenho tido pena dos bichos... Isto também não é uma ocorrência normal...

Há alguns dias lembrei-me de outra coisa, de outro tempo. Lembrei-me de um tempo onde eu gostava de ir passear para sítios quase desconhecidos, com muita malta, fazer coisas improvisadas ao sabor do momento e reunir vontades e disposições para a aventura.

Tinha perto de 20 anos e estava no meu tempo de juventude, concerteza. Quando hoje olho para alguns e imagino outros, daqueles que percorriam esses caminhos, vejo perdida a chama de olhar e trepar (salvo seja,ou não...) pela vida acima.
É curioso o processo de envelhecimento precoce a que se sujeita a esmagadora maioria das pessoas. Perdem parte da vontade, desagrada-lhes o risco, arrumam o sentimento de conquista e calçam definitivamente as pantufas de salão com a manta xadrêz nos joelhos enquanto bebem o chá em casa, ou o café na esplanada.
Porque tanto pesam nos bolsos das gentes as pedras da ponderação?...
Porque tanto arrasta e risca o disco, a agulha do estar?... Em vez de saltar as partes picadas e continuar a tocar com a mesma genica?...
Não sei responder...
O meu sentido de contraditório diz-me: talvez seja teu (meu) o desalinhamento; provavelmente esses sentires fazem parte do tempo passado e devam ser substituídos por tudo aquilo que acabei de dizer em que a humanidade se transforma a partir da provecta idade dos late 20’s (!!!!!)
Pois... Talvez me falte o equilíbrio ou o balanço certo da música do tempo, mas garanto que sinto a mesma ânsia de viver, e fazer, e rasgar em sangue os nacos de tempo e de vida que apanho à frente.

A diferença é que hoje... Sinto mais só.


E calo a voz... a descrição evita o alheamento por marginalidade...

Gostava de explicar melhor, mas hoje este pensamento angustia-me o peito.

1 comentário:

Anónimo disse...

já tinha saudades de ver esta janela aberta, e deixar a luz entrar...