quinta-feira, setembro 22, 2005
as memórias
que revejo.
Suaves como o som das cores do mar; fortes como o cheiro das ondas a esbarrar nas arribas da imaginação que me assalta os dias mais sós.
Maresias de ti.
queria
terça-feira, setembro 20, 2005
quinta-feira, setembro 15, 2005
não penso mais
recusei-me hoje, no final de um dia, a pensar mais.
não quero mais olhar e ver, apenas aceito as manchas e sombras do que existe.
estou cansado e já não tenho ânimo para puxar debaixo do meu peso a réstea de esperança que ainda sentia quando sorria, enquanto olhava e sentia a luz do mesmo sol que me abandonava, ao início da noite.
a noite que adoro e onde me vejo a coberto dos olhares que me poderiam descobrir.
encolhi o espaço do bater do coração para diminuir o impacto da vida no meu peito. e fiquei mais tranquilo, assim, alheado da realidade ausente, à minha volta.
trucidei, consciente, a menina dos olhos que adivinhava as cores das coisas. agora vejo escuro, e é mais tranquilo.
deixarei de ver, em breve, e ficarei, concerteza, bem mais em paz.
há muito, ou não... sim, há muito tempo que convivemos juntos e a mim foi sempre deixado o peso mais amargurado e as tristezas mais sós, que aos outros não cabiam. aceitei-as a todas, enquanto não pensava se tinha arrumação para tanto fel.
chega e sobra, sei hoje. mas já deito fora o tom mais grave com que exprimi em tempos o meu desdém. já não me importa.
assim, será concerteza mais fácil, e não terei que virar a cara à luz que me feriu todos os dias.
é muito triste, a alvorada do homem, quando já não espera a manhã.
não quero mais olhar e ver, apenas aceito as manchas e sombras do que existe.
estou cansado e já não tenho ânimo para puxar debaixo do meu peso a réstea de esperança que ainda sentia quando sorria, enquanto olhava e sentia a luz do mesmo sol que me abandonava, ao início da noite.
a noite que adoro e onde me vejo a coberto dos olhares que me poderiam descobrir.
encolhi o espaço do bater do coração para diminuir o impacto da vida no meu peito. e fiquei mais tranquilo, assim, alheado da realidade ausente, à minha volta.
trucidei, consciente, a menina dos olhos que adivinhava as cores das coisas. agora vejo escuro, e é mais tranquilo.
deixarei de ver, em breve, e ficarei, concerteza, bem mais em paz.
há muito, ou não... sim, há muito tempo que convivemos juntos e a mim foi sempre deixado o peso mais amargurado e as tristezas mais sós, que aos outros não cabiam. aceitei-as a todas, enquanto não pensava se tinha arrumação para tanto fel.
chega e sobra, sei hoje. mas já deito fora o tom mais grave com que exprimi em tempos o meu desdém. já não me importa.
assim, será concerteza mais fácil, e não terei que virar a cara à luz que me feriu todos os dias.
é muito triste, a alvorada do homem, quando já não espera a manhã.
detached
As mãos dele seguram nas dela enquanto os lábios deslizam uns nos outros. Da boca, imagina de cor, o caminho para o pescoço, que percorre de olhos fechados a imaginar o prazer que lhe despertam as carícias que lhe entrega.
Pára, e observa os olhos dela, enquanto a vê inclinar a cabeça para trás ainda a sentir as mãos que ele não consegue manter sossegadas e quietas, perto do corpo dela.
O desassossego assalta-lhe a têmpora e deixa-a a latejar...
As orelhas tornaram-se agora um altar com a imagem a quem devota o calor dos beijos... suave loucura, esta, de querer assim de forma incontida.
Ouve-se ao longe a inveja que corre a aplacar: beija-lhe os olhos e faz-lhe passar pelas pestanas a brisa do corpo, já tão quente de estar tão próximo.
E as mãos que não se aquietam... os músculos que pedem o contacto dos dela... o peito de um já sonha em pesar no outro.
Agarra-a e vira-a de costas para cima, com a firmeza que não lhe deixa dúvidas sobre a a tensão que sente; e carrega as mãos nas espáduas.
Por esta altura já se sente a respiração pesada, e os peitos que se expandem, enquanto tentam respirar, como se estivessem rodeados de um ar denso de desejo.
A raça de amar não tem que ser uma só descida. Nem a montanha russa pára depois da primeira rampa; ganha balanço e lança-se para a frente, carregada de vontade e gente aos gritos.
Assim é a vontade de a ter, que se propaga dos músculos dos braços, em direcção aos dedos que correm a pele das costas dela. Descobre as curvas, as reentrâncias, a suavidade da pele onde viaja; ao lado dos ossos pressente os nervos que faz disparar com as mãos, que vão lentamente para baixo e para cima do peito dela, arrepiado de um frio que não existe.
Está em fogo, a consumir-se devagar e louco por a sentir a arder também. Os músculos dela abandonam-se nas mãos dele e confiam aos beijos que lhe surpreendem os ombros, a vontade de não parar de ter prazer.
Sentirá a palma da mão que treme quando faz menos força a controlar a vontade de a tomar de assalto como um louco? A maior parte das vezes, não: está ocupada a sentir, e angustiada pelo calor que lhe assalta o ventre, sem dizer quem é.
Os dedos dele continuam nela, como se quisessem entrar e acariciá-la por dentro...
Pára, e observa os olhos dela, enquanto a vê inclinar a cabeça para trás ainda a sentir as mãos que ele não consegue manter sossegadas e quietas, perto do corpo dela.
O desassossego assalta-lhe a têmpora e deixa-a a latejar...
As orelhas tornaram-se agora um altar com a imagem a quem devota o calor dos beijos... suave loucura, esta, de querer assim de forma incontida.
Ouve-se ao longe a inveja que corre a aplacar: beija-lhe os olhos e faz-lhe passar pelas pestanas a brisa do corpo, já tão quente de estar tão próximo.
E as mãos que não se aquietam... os músculos que pedem o contacto dos dela... o peito de um já sonha em pesar no outro.
Agarra-a e vira-a de costas para cima, com a firmeza que não lhe deixa dúvidas sobre a a tensão que sente; e carrega as mãos nas espáduas.
Por esta altura já se sente a respiração pesada, e os peitos que se expandem, enquanto tentam respirar, como se estivessem rodeados de um ar denso de desejo.
A raça de amar não tem que ser uma só descida. Nem a montanha russa pára depois da primeira rampa; ganha balanço e lança-se para a frente, carregada de vontade e gente aos gritos.
Assim é a vontade de a ter, que se propaga dos músculos dos braços, em direcção aos dedos que correm a pele das costas dela. Descobre as curvas, as reentrâncias, a suavidade da pele onde viaja; ao lado dos ossos pressente os nervos que faz disparar com as mãos, que vão lentamente para baixo e para cima do peito dela, arrepiado de um frio que não existe.
Está em fogo, a consumir-se devagar e louco por a sentir a arder também. Os músculos dela abandonam-se nas mãos dele e confiam aos beijos que lhe surpreendem os ombros, a vontade de não parar de ter prazer.
Sentirá a palma da mão que treme quando faz menos força a controlar a vontade de a tomar de assalto como um louco? A maior parte das vezes, não: está ocupada a sentir, e angustiada pelo calor que lhe assalta o ventre, sem dizer quem é.
Os dedos dele continuam nela, como se quisessem entrar e acariciá-la por dentro...
quarta-feira, setembro 14, 2005
terça-feira, setembro 13, 2005
raça
a exposição brutal, abandonada
e assumida da diferença
causa, na arte, o receio e orgulho, simultâneos,
da marginalidade destacada do ordinário.
sexta-feira, setembro 09, 2005
piece
quinta-feira, setembro 08, 2005
terça-feira, setembro 06, 2005
amar com o corpo, não tem nada a ver com foder - parte 1
e não é preciso ser lamechas, nem brilhante, para perceber o que está ali escrito.
O que é preciso, concerteza, é ter dois ou três ou mais dedos de testa, para transformar esta realidade banal em alguma coisa de "palpável" que transforme a vida da gente.
Foder é fácil. Afinal, bem vistas as coisas, literalmente, todo o bicho careta fode. Ou pelo menos, pode foder.
Trata-se tão só e simplesmente de arranjar o caminho mais curto para um macho convencer uma fêmea a deixá-lo esvaziar os tintins, de toda a força vital acumulada no escroto da vida. Mas, que não hajam ilusões, desde o início dos inícios do tempo, que isto pode perfeitamente ser visto na perspectiva oposta, ie, a fêmea pode perfeitamente assumir o papel de esfomeada de sexo e do prazer decorrente e procurar um macho que esteja disposto a oferecer-lhe um orgasmo, ou pelo menos uma excitação bem passada (mais ou menos bem passado, conforme o gosto). Sexo fraco, pois sim...
Para quem fode assim, o tempo é o obstáculo a ultrapassar, com os dentes cerrados e a obstinação de qualquer mula de carga. Uma coisa é sempre garantida: assim que possível, os protagonistas deste frenesim, desatam a correr pela espinha acima de quem montam, para só pararem, já cansados e satisfeitos, no fim de mais uma pratada, que engoliram esfomeados.
Que grande merda!
Que grandessíssima merda!
Foder é para bicho e, salvo as araras e mais 2 ou 3 espécies, que acasalam para a vida, os outros bichos, quando fodem, é para a reprodução da espécie. Muita gente, quando fode, é para e pelo prazer de foder.
Toda a gente tem direito à diferença mas eu, não gosto desta gente. Pelo menos para foder.
É incontável o número de queixas, enganos e angústias que se pronunciam, a cada segundo, sobre os amantes. "... não sei seme enganou quando gemia ou se fingiu estremecer quando, afinal, queria era ir dormir, porque amanhã tinha que acordar cedo e este era o último assunto "a despachar" antes do merecido repouso..."
E admiram-se... de não ser como gostariam...
Não é impossível encontrar água no deserto, mas é bem mais difícil, como poderá atestar qualquer geólogo certificado.
Como pensam sequer em chegar onde quer que seja quando nem sequer se põem ao caminho?
Amar com o corpo, é uma arte. Acessível a todos, sem excepção, acredito eu. Mas reverenciável, como todas as artes, e digna guardiã de alguns segredos que faz por revelar apenas a quem se lhe entranha, com a vontade de se ali se perder para sempre.
A verdade é que pode não ser para sempre, mas tem que haver vontade de se perder e entregar, antes de querer ganhar o que quer que seja.
Arrisco que a primeira parte começa com a descoberta do gosto e prazer que se tem em proporcionar prazer a alguém. Gaita, esta é simples, afinal de contas, amar, à séria inclui fazer do bem do outro uma prioridade maior do que o bem do próprio.
Amar com o corpo, começa com o coração. O resto, é piloto automático.
Se houver um dia de aniversário de quem amamos, proporcionamos-lhe o que mais gosta, para usufruir da felicidade do outro. E faz-se, mais do que de forma abnegada, faz-se com o gosto e prazer que só se pode ter quando se vê a satisfação de quem se ama.
Amar com o corpo... é mesmo assim. Todos os dias de amor são uma busca incessante de dar, sem preocupação de receber, são a vontade de ver feliz. Sem mais nada.
A magia aparece quando não nos preocupamos nem com ela, nem connosco. O génio da lâmpada vem-... apenas quando ninguém o chama... e é delicioso...
Quando se vive assim, mais tarde ou mais cedo, o parceiro que temos vai querer também partilhar desta felicidade de dar. Ou não. Ou não percebe. Ou não gosta. Ou simplesmente, prefere foder. Aí,... bom, nesse caso, manda fora. Não serve, de pobre que é e mais pobre que ficará, à medida que o tempo lhe passar por cima. Se no arranque e no enlevo do início, não se despertam estes sentires, concerteza que, mais tarde, também não conseguirão perfurar a crosta de indiferença, stress, urbanidade e quotidiano, que entretanto se forma.
Quando o parceiro que temos, se apercebe da magia do dar,... ai, ai...
É só imaginar dois corpos que se juntam sem pressas de mais nada e sem vontade de chegar a lugar nenhum, entretidos, ambos, no desejo e prazer do outro... encomendada, não há felicidade assim. Só natural.
O encontro começa por ser o dos olhos que sorriem, outra vez, quando se vêem, e mais outra e mais outra... sem se cansarem. Amar inclui o conhecer, porque amar é desprendido mas interessado. Muito interessado em saber do outro.
A seguir, vem o beijo. Hummm.... Um beijo pode ser o começar de qualquer coisa, ou o explodir imediato de outra qualquer. Um beijo só tem um começo, não tem fim. Um beijo que se dá, é para durar o tempo todo, para conhecer os recantos dos teus lábios e a ternura da boca que se oferece, sem pedir nada em troca. Um beijo é também uma escalada violenta de emoções e abandono de prenúncio de um evento que transtorna, a cada vez.
Um beijo assim pode ser aprendido, mas tem sempre que ser fruído. Caso contrário, não passará do entrechocar mais ou menos espasmódico de uns lábios contra outros, em que a língua não é mais que toupeira à procura de presa num buraco escuro.
NÃO!!... não... não...
Um beijo é um acasalamento delicado e lânguido de dois corpos que se apreciam e abandonam ao outro e ao tempo que não lhes falta. Um beijo é quando a minha boca desliza colada à tua ao som de um tango de Astor Piazzola: com firmeza, para que não caias quando te inclinas e eu te apoio, com a suavidade que te derrete, e com a liberdade de movimentos necessária para vires de novo ao encontro aos meus lábios.
Não há par para lábios que gostam de saborear o tempo e uma língua que se abandona à carícia de mim.
O que é preciso, concerteza, é ter dois ou três ou mais dedos de testa, para transformar esta realidade banal em alguma coisa de "palpável" que transforme a vida da gente.
Foder é fácil. Afinal, bem vistas as coisas, literalmente, todo o bicho careta fode. Ou pelo menos, pode foder.
Trata-se tão só e simplesmente de arranjar o caminho mais curto para um macho convencer uma fêmea a deixá-lo esvaziar os tintins, de toda a força vital acumulada no escroto da vida. Mas, que não hajam ilusões, desde o início dos inícios do tempo, que isto pode perfeitamente ser visto na perspectiva oposta, ie, a fêmea pode perfeitamente assumir o papel de esfomeada de sexo e do prazer decorrente e procurar um macho que esteja disposto a oferecer-lhe um orgasmo, ou pelo menos uma excitação bem passada (mais ou menos bem passado, conforme o gosto). Sexo fraco, pois sim...
Para quem fode assim, o tempo é o obstáculo a ultrapassar, com os dentes cerrados e a obstinação de qualquer mula de carga. Uma coisa é sempre garantida: assim que possível, os protagonistas deste frenesim, desatam a correr pela espinha acima de quem montam, para só pararem, já cansados e satisfeitos, no fim de mais uma pratada, que engoliram esfomeados.
Que grande merda!
Que grandessíssima merda!
Foder é para bicho e, salvo as araras e mais 2 ou 3 espécies, que acasalam para a vida, os outros bichos, quando fodem, é para a reprodução da espécie. Muita gente, quando fode, é para e pelo prazer de foder.
Toda a gente tem direito à diferença mas eu, não gosto desta gente. Pelo menos para foder.
É incontável o número de queixas, enganos e angústias que se pronunciam, a cada segundo, sobre os amantes. "... não sei seme enganou quando gemia ou se fingiu estremecer quando, afinal, queria era ir dormir, porque amanhã tinha que acordar cedo e este era o último assunto "a despachar" antes do merecido repouso..."
E admiram-se... de não ser como gostariam...
Não é impossível encontrar água no deserto, mas é bem mais difícil, como poderá atestar qualquer geólogo certificado.
Como pensam sequer em chegar onde quer que seja quando nem sequer se põem ao caminho?
Amar com o corpo, é uma arte. Acessível a todos, sem excepção, acredito eu. Mas reverenciável, como todas as artes, e digna guardiã de alguns segredos que faz por revelar apenas a quem se lhe entranha, com a vontade de se ali se perder para sempre.
A verdade é que pode não ser para sempre, mas tem que haver vontade de se perder e entregar, antes de querer ganhar o que quer que seja.
Arrisco que a primeira parte começa com a descoberta do gosto e prazer que se tem em proporcionar prazer a alguém. Gaita, esta é simples, afinal de contas, amar, à séria inclui fazer do bem do outro uma prioridade maior do que o bem do próprio.
Amar com o corpo, começa com o coração. O resto, é piloto automático.
Se houver um dia de aniversário de quem amamos, proporcionamos-lhe o que mais gosta, para usufruir da felicidade do outro. E faz-se, mais do que de forma abnegada, faz-se com o gosto e prazer que só se pode ter quando se vê a satisfação de quem se ama.
Amar com o corpo... é mesmo assim. Todos os dias de amor são uma busca incessante de dar, sem preocupação de receber, são a vontade de ver feliz. Sem mais nada.
A magia aparece quando não nos preocupamos nem com ela, nem connosco. O génio da lâmpada vem-... apenas quando ninguém o chama... e é delicioso...
Quando se vive assim, mais tarde ou mais cedo, o parceiro que temos vai querer também partilhar desta felicidade de dar. Ou não. Ou não percebe. Ou não gosta. Ou simplesmente, prefere foder. Aí,... bom, nesse caso, manda fora. Não serve, de pobre que é e mais pobre que ficará, à medida que o tempo lhe passar por cima. Se no arranque e no enlevo do início, não se despertam estes sentires, concerteza que, mais tarde, também não conseguirão perfurar a crosta de indiferença, stress, urbanidade e quotidiano, que entretanto se forma.
Quando o parceiro que temos, se apercebe da magia do dar,... ai, ai...
É só imaginar dois corpos que se juntam sem pressas de mais nada e sem vontade de chegar a lugar nenhum, entretidos, ambos, no desejo e prazer do outro... encomendada, não há felicidade assim. Só natural.
O encontro começa por ser o dos olhos que sorriem, outra vez, quando se vêem, e mais outra e mais outra... sem se cansarem. Amar inclui o conhecer, porque amar é desprendido mas interessado. Muito interessado em saber do outro.
A seguir, vem o beijo. Hummm.... Um beijo pode ser o começar de qualquer coisa, ou o explodir imediato de outra qualquer. Um beijo só tem um começo, não tem fim. Um beijo que se dá, é para durar o tempo todo, para conhecer os recantos dos teus lábios e a ternura da boca que se oferece, sem pedir nada em troca. Um beijo é também uma escalada violenta de emoções e abandono de prenúncio de um evento que transtorna, a cada vez.
Um beijo assim pode ser aprendido, mas tem sempre que ser fruído. Caso contrário, não passará do entrechocar mais ou menos espasmódico de uns lábios contra outros, em que a língua não é mais que toupeira à procura de presa num buraco escuro.
NÃO!!... não... não...
Um beijo é um acasalamento delicado e lânguido de dois corpos que se apreciam e abandonam ao outro e ao tempo que não lhes falta. Um beijo é quando a minha boca desliza colada à tua ao som de um tango de Astor Piazzola: com firmeza, para que não caias quando te inclinas e eu te apoio, com a suavidade que te derrete, e com a liberdade de movimentos necessária para vires de novo ao encontro aos meus lábios.
Não há par para lábios que gostam de saborear o tempo e uma língua que se abandona à carícia de mim.
--work in progress --
segunda-feira, setembro 05, 2005
somos 3
o mais pesado, triste e antigo.
um mais novo e um pouco mais leve.
e, curiosamente, um que gosta do lado erótico e íntimo da vida, atrevido e assanhado.
um mais novo e um pouco mais leve.
e, curiosamente, um que gosta do lado erótico e íntimo da vida, atrevido e assanhado.
quinta-feira, setembro 01, 2005
morrer vivo
Esta expressão perpassou-me o pensamento há algum tempo, depois de a ter ouvido aos meus lábios, num dia cinzento.
Lembrei-me, e esqueci-me do que me fez, na altura, pensar nisto. Hoje, apenas posso pensar no que sentirá quem pensa nisto, na primeira pessoa...
Que mentiroso que sou.
Esta angústia assalta-me praticamente todos os dias.
Apenas um pequeno pensamento, consola o espírito atormentado. Morrer vivo deverá ser como morrer na cama, durante um amor quente e fogoso (tenho claramente que escrever um post sobre o que acho disto, um dia). E assim, voltando ao assunto, morrer vivo, seria como abandonar o palco no auge da carreira da vida. Ao menos morria... quando estava vivo.
A preocupação que me assalta é um pouco mais asfixiante. E, se não chego a viver à séria, antes de morrer?
Quantas vezes vi nos outros o adiar de viver e estar e ser, com a desculpa insultuosa de que esta, menos interessante e desapaixonada e infeliz, seria uma parte necessária do caminho para um dia chegar a um qualquer estágio de nirvana.
Tolos. Estúpidos. Absolutos idiotas, os que esperam pelo inalcançável quando deveriam era tratar de ser felizes tão breve quanto pudessem.
Não se entenda a defesa do sofismo absoluto, enquanto forma de viver; afinal de contas, a busca do prazer tem que ser intercalada por qualquer coisa que, se não for pela alma, sirva, pelo menos, para descanso do corpo.
O pior é a perda da perspectiva, do objectivo ou objectivos a alcançar. Parece uma parvoíce, não é?
Se alguém perguntasse às gentes, e pedisse resposta imediata, sobre qual é o propósito da vida corrente e quais são as traduções práticas, materiais ou outras, desse propósito... nem quero pensar...
Arrisco que 96% não tinham resposta, 3,5% tinham, no máximo, uma ideia vaga e difusa do assunto, atirando para o ar uma ou duas ou três coisas que gostariam de fazer com a vida de que gozam mas, infelizmente, sem saber responder objectivamente à pergunta. Os restantes marginais, tinham resposta. Afinal de contas, privamos e dividimos a existência também com os loucos...
É dramático viver a pensar consciente ou a sentir em voz off. A realidade invade-nos os sentidos e a razão dispara à procura das causas e efeitos do ser que somos no mundo em que vivemos, rodeados por quem escolhemos e o acaso nos oferece.
E não pára de voar, a razão. E com a prática do tempo, traduz as contas e algoritmos da vida, que antes ocupavam espaço no consciente do dia a dia, em sentires e quereres e aromas que, mais tarde no tempo, se atiram para a frente dos olhos, quando precisamos de olhar, e dos neurónios, quando precisamos de pensar, e do nariz, quando precisamos de sentir.
E a vida passa num passo endiabrado, embalada nesta vertigem de ser. E preocupa...
Preocupa-me saber se um dia, quando morrer, alguma vez terei estado mesmo vivo.
Lembrei-me, e esqueci-me do que me fez, na altura, pensar nisto. Hoje, apenas posso pensar no que sentirá quem pensa nisto, na primeira pessoa...
Que mentiroso que sou.
Esta angústia assalta-me praticamente todos os dias.
Apenas um pequeno pensamento, consola o espírito atormentado. Morrer vivo deverá ser como morrer na cama, durante um amor quente e fogoso (tenho claramente que escrever um post sobre o que acho disto, um dia). E assim, voltando ao assunto, morrer vivo, seria como abandonar o palco no auge da carreira da vida. Ao menos morria... quando estava vivo.
A preocupação que me assalta é um pouco mais asfixiante. E, se não chego a viver à séria, antes de morrer?
Quantas vezes vi nos outros o adiar de viver e estar e ser, com a desculpa insultuosa de que esta, menos interessante e desapaixonada e infeliz, seria uma parte necessária do caminho para um dia chegar a um qualquer estágio de nirvana.
Tolos. Estúpidos. Absolutos idiotas, os que esperam pelo inalcançável quando deveriam era tratar de ser felizes tão breve quanto pudessem.
Não se entenda a defesa do sofismo absoluto, enquanto forma de viver; afinal de contas, a busca do prazer tem que ser intercalada por qualquer coisa que, se não for pela alma, sirva, pelo menos, para descanso do corpo.
O pior é a perda da perspectiva, do objectivo ou objectivos a alcançar. Parece uma parvoíce, não é?
Se alguém perguntasse às gentes, e pedisse resposta imediata, sobre qual é o propósito da vida corrente e quais são as traduções práticas, materiais ou outras, desse propósito... nem quero pensar...
Arrisco que 96% não tinham resposta, 3,5% tinham, no máximo, uma ideia vaga e difusa do assunto, atirando para o ar uma ou duas ou três coisas que gostariam de fazer com a vida de que gozam mas, infelizmente, sem saber responder objectivamente à pergunta. Os restantes marginais, tinham resposta. Afinal de contas, privamos e dividimos a existência também com os loucos...
É dramático viver a pensar consciente ou a sentir em voz off. A realidade invade-nos os sentidos e a razão dispara à procura das causas e efeitos do ser que somos no mundo em que vivemos, rodeados por quem escolhemos e o acaso nos oferece.
E não pára de voar, a razão. E com a prática do tempo, traduz as contas e algoritmos da vida, que antes ocupavam espaço no consciente do dia a dia, em sentires e quereres e aromas que, mais tarde no tempo, se atiram para a frente dos olhos, quando precisamos de olhar, e dos neurónios, quando precisamos de pensar, e do nariz, quando precisamos de sentir.
E a vida passa num passo endiabrado, embalada nesta vertigem de ser. E preocupa...
Preocupa-me saber se um dia, quando morrer, alguma vez terei estado mesmo vivo.
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