Um dia, expliquei numa aula que o nosso instinto de sobrevivência era provavelmente o elemento mais forte da nossa natureza. E cada um escolhe os melhores caminhos para ter tanto sucesso quanto possível, em manter-se vivo.
Uns são mais agressivo, outros são mais combativos, outros são cobardes e fogem e por aí fora. A maior evidência disso é que nunca morremos, nos nossos próprios sonhos: acordamos antes, para sobreviver.
Passadas algumas aulas, ele veio ter comigo e disse-me: “Professor, há mais um tipo de abordagem à sobrevivência.” – “E qual é?” perguntei.
“A indiferença.
Algumas pessoas, poucas, não querem saber de contornar a morte. Não encontrando razões ou amarras sólidas para ficarem no mundo, aguardam serenamente que um qualquer acaso as leve. E não são suicidas, porque não procuram o fim. Apenas não o evitam.”
- “Onde foste buscar essa ideia?”
“A noite passada – respondeu-me ele - morri no meu sonho. Morri com dor. Mas, depois de morto, fiquei tranquilo, a ver as pessoas que olhavam para cima do meu corpo...”
“Como vê, a indiferença, também é uma alternativa.”
Fiquei siderado e juntei, para mim, mais esta variação: a indiferença não promove a sobrevivência.
Como viverão estas pessoas?
1 comentário:
Mais um: muito bom!
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