sexta-feira, outubro 28, 2005

não tenho nome para ti

Sabe-me bem o silêncio das palavras que não tenho que aturar, por ocasião, en passant, ou por outra qualquer vulgaridade.

Aprecio a solidão do espaço que não é ocupado por coisa nenhuma, nem por ninguém que não tem interesse suficiente em estar.

Gosto de observar o que se passa e beber nos lábios das gentes os pensamentos que não saem para a rua.

Fico um pouco cansado, no final da semana, quando está acumulada a imensa superficialidade e circunstancialidade com que vivem as gentes. De quem não é possível escapar.
Aliás, é até obrigatório ficar.
Contrariar a vontade de fugir.
É tão, tão preciso ver para dentro do corpo, à procura do valor que, tantas vezes o dono se esforça em destruir na interacção que prima pela mesquinhez da palavra falsa e dos arranques primários de mau génio e intolerância.

Estou estafado, neste fim de tarde, neste fim de semana. E não tenho porto de abrigo, como diz uma pessoa que conheço.
Dependo - como todos, aliás – da vontade de sobreviver e viver.

E se ela falta, sistematicamente, dia após dia, numa cadência que chega a ser quase horária... lembro-me do tempo muito antigo... e sei.
Hoje é diferente, mas nem tanto assim. Só mais desperto... ainda.

E cada vez mais encerrado para obras, que parecem nunca terminar...

2 comentários:

Mary Lamb disse...

Hoje pensei que o que menos quero perder é a memória. Lembras-te do tempo antigo, e percebes que tudo se encadeia, mas muda. As pessoas não são como tu. Percebo muito bem isso.
Se fizeres de ti o teu porto de abrigo, os dias custam menos a passar. Não procures nada. Tudo o que é teu ser-te-á entregue.
E tenho pena de não estar aí, porque te dava um abraço e diria que te compreendo. Que sei o que sentes. Pessoas especiais sentem assim.
Está tudo ligado.
Está tudo muito ligado.

Mary Lamb disse...

Há coisas que não precisam de nome...