quarta-feira, outubro 26, 2005

tributo



Estalou debaixo dos pés dela a esperança de ver sair uma imagem de que gostasse. Não adianta, pensou, nunca vou ficar bem.

Podia ser um qualquer princípio de alguma coisa. Mas não.
Foram apenas as primeiras palavras que, instintivamente, atirei para o teclado. O mote veio depois: porque são belas e desejáveis, as mulheres?

Para mim, as mulheres não são bonitas, pelos traços do rosto, a curva das ancas ou a firmeza das mamas. Não, as mulheres tornam-se belas, pelo estar.
Esta é, curiosamente, a maior arma que tem o sexo oposto ao meu. Seduzir não é um exercício estático, da mesma forma que o encanto não tem qualquer ligação com as fotografias. Por mais bonitas que sejam, as mulheres não se tornam apetecíveis, se não tiverem encanto.

A própria palavra vale um apontamento. Encantar não é mais do que lançar uma qualquer magia sobre alguém que, caso resulte, fica encantado.

É uma espécie de feitiço bom, sedução subliminar que não se vê, de forma explícita, mas invade o pensamento e o corpo como uma entidade aliegena, que toma posse de nós, de um momento para o outro.

O encanto é um despertar que nos faz acordar para um qualquer bem estar, mais ou menos físico, que sentimos quando estamos próximos de uma destas mulheres.
Há mulheres que transpiram sedução. Deve haver um livro, ou até alguma parte do código genético, inscrito no 2º cromossoma X, que lhes dá o saber pisar o chão por onde passam.

Há medida que o tempo vai passando, esta apetência feminina vai-se desenvolvendo e elas vão ganhando a tranquilidade e a segurança de serem fêmeas adultas.
Quando crescem de forma saudável, as mulheres aprendem a controlar os impulsos juvenis que tanta graça tinham... na juventude. Perdem a precipitação e agressividade adolescente, própria da... adolescência.
E ganham. Ganham a serenidade, a calma, a ponderação e aprendem a equilibrar tudo isto com a garra de viver.
E aprendem a sorrir. E conseguem o que querem ser ter que exigir nem pedir. Aprendem a conquistar, também, por indução.

Alguma sufragista mais acirrada poderia dizer: “Mas não estarão a desvirtuar a sua natureza mais genuína? Não será um exercício de socialização feminina, demasiado fascista?”
Se fosse assim, teríamos que banir os saltos altos que vos magoam os pés e não são próprios para correr, teríamos que proibir o rímel e a base porque alteram a cor do rosto e a forma das pestanas e teríamos que queimar os soutiens porque alteram a forma natural das mamas.

A verdade é que, em muitas coisas, as raparigas optam por alterar e fazer evoluir o seu “estar”.
As mulheres, quando percebem que podem andar ainda mais alto do que lhes permitem os saltos agulha dos seus sapatos preferidos, aprendem a sorrir.
E a encantar.


3 comentários:

Anónimo disse...

Estrondoso!

Mary Lamb disse...

Eu, mulher, agradeço a maneira como nos olhas. Ando quase sempre de saltos, mas nem precisava, porque o sorriso raramente me sai do rosto! E as minhas rugas de expressão não me deixam mentir. É tão bom perceber que ainda há quem se encante a sério!

toupeira disse...

é linda a forma como os teus olhos vêem tão claro :)