há já muito tempo.
com o corpo abandonado em cima dos papéis e assuntos que chamam e exigem mais atenção e tempo e oxigénio do meu respirar do que eu gostaria.
mas não foi, e não é, sempre assim.
desde há uma semana que passeio e trabalho numa cidade diferente. foi temporário. já estou de volta. daqui a poucas horas apanho o avião para Portugal. para casa, para a minha casa. sinto falta da minha casa.
tenho estado em Viena. a cidade é bonita. mas não me apaixona. é como aquelas mulheres muito certinhas que são interessantes de ver mas não arrebatam o espírito nem têm a loucura que tempera com sal a vida de gente como eu.
Viena é bonita mas, como eu dizia desde o 2º ou 3º dia, "isto, mais ou menos, está visto". E era mesmo assim. o ambiente repete-se, a arquitectura é bonita mas monótona, as pessoas não têm sangue quente nas veias.... espera, isto pode ser uma injustiça porque, aqui, as mulheres usam decotes até aos dedos dos pés e a maioria não usa suporte de mama. é verdade. nesse aspecto, a cidade é um desassossego constante. talvez seja o grito de socorro de uma multidão de austríacas que recorre ao ataque directo para despertar vida nos mortos e sonsos dos austríacos. wishfull thinking, i know. mas é uma história engraçada para desenvolver noutro dia.
daqui se vê a distância a que estamos desta gente civilizada e tranquila que diz "this is Viena, no stress" e espera ordeiramente na beira da estrada pelo bonequinho verde do semáforo dos peões, apesar de não se vislumbrarem carros num raio de kms. enfim,... costumes.
a surpresa veio claramente da arte e do museu Leopold. que maravilha!! que delícia que são os Klimt; os Schiele são brutais e divinais, especialmente se os perspectivarmos no tempo em que o artista os pintou, no final do séc. XIX. e os Kokoschka e os outros... não fosse esta ser ma raça de gente e artistas que parece desinibida como poucos. até no pintar. enfim, um banquete de iguarias que os olhos beberam sôfregos e a carteira tratou de completar quando perdeu a cabeça no departamento de posters da loja do museu.
mas foi bom, porque assim posso dizer: linda, afinal, a Viena dos artistas, terá sempre um final feliz.
ainda assim, não me passam, as saudades do meu país.
até já.
3 comentários:
Ora que interessante descrição.
Uélcame béque!
thanks. it's be good to be all back!
que maravilha que é esta terra de incoerências e loucuras e assimetrias no terreno...
muito bom.
seja benvindo!! para quem costuma reclamar das ausências alheias...
quanto ao Schiele, bem sofreu para pintar o que pintou, entre prisões, quadros confiscados e uma morte infelizmente prematura aos 28 anos. Há quem viva muito mais e não deixe nada. Este deixou-nos os quadros e eu tenho um (uma copiazinha, leia-se), oferecido pela maravilhosa mãe, na parede da casa da aldeia.
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