segunda-feira, outubro 02, 2006

nascimento de um sentido novo

passou algum tempo e não me reconhecem já as letras de um novo teclado. e que falta me apercebo que me faz esta coisa de escrever!
com o tempo tomado até ao tutano e medula, sucumbi à preguiça de não me proporcionar um bom momento de escrita, assim ao jeito com que outros se proporcionam um bom momento de leitura. também se navega na imaginação e acorda-se em países e com gentes tão diferentes de onde partimos...


quando nos preenchem o tempo e nos enriquecem os sentidos, sejam os olhos, a boca ou o tacto, perdemo-nos para o sentido do re-sentir. e perdemo-nos porque lhe retiramos a importância que merece no nosso viver.
o re-sentir é tão ou mais importante do que os sentidos que nos impactam por fora. o re-sentir, ressoa por dentro os impactos mais superficiais dos nossos dias. do re-sentir fazem parte o saborear de uma água fresca e o invocar dos passeios na serra onde um dia nos debruçámos naquele riacho, porque tínhamos sede, faz parte o calor que invade a pele e nos amodorna o corpo e a alma e nos relembra a doce languidão de viver... fazem parte os aromas e as cores das flores que nos lembram gentes e sentimentos que nos encantaram a vida em tempos e nos ocupam o espaço que desejamos para o futuro.

o re-sentir é assim uma coisa incontornável para diferenciar as emocões que ecoam em viagens loucas, suaves, agressivas e doces dentro do peito.

e eu, quando escrevo, re-sinto a vida outra vez. agora, mais devagar apesar de, com mais sabor.

1 comentário:

Maria Carvalhosa disse...

Olá Mac,

"A língua portuguesa é muito traiçoeira"... este re-sentir que tu inventaste, se ouvido e não lido, e extraído do contexto, leva-nos de imediato para a conotação dada a "ressentir", que nada tem a ver, como é óbvio, com a intenção do teu texto.

Um beijo.