domingo, outubro 29, 2006

no name no number

sangrem o suor do rosto e arranquem a pele das mãos
mas vivam
estafem a alma a correr pelo corredor de dores que não conheciam
mas vivam
arranquem aos pulmões os gritos mais surdos que a voz aguentar
mas vivam
ouçam bater o coração descompassado cansado de rir e chorar
mas vivam
persigam sonhos impossíveis e agarrem as dificuldades à dentada
mas vivam

ousem, arrisquem, percam, ganhem, lutem, criem, derrubem, matem, perdoem, ou não e atirem para trás das costas o tempo que não vos acompanhar quando correrem como os loucos fariam pelas ravinas da vida abaixo.
e, se não sobreviverem, tiveram, ao menos, na boca algum sabor e a memória a escorrer pelos caninos assanhados enquanto o sangue se lhes injectava nos olhos perdidos de tanto não ver nada.
para muitos será um disparate, mas para os loucos será a única forma de viver e de morrer.

um dia, quando viver, vou querer morrer assim.