sexta-feira, maio 25, 2007

desencontros forçados

















Ouve-se ao fundo a música que teima em tocar dentro de mim.
Percebe-se no ar que os temas não estão alinhados e a pistas teimam em rodar com as rotações erradas.

Ouvem-se sons que não se encontram contigo porque não os ouves.

São os sons surdos do silêncio que se instalou no ar que respiramos.
Pelo meio vão ficando as palavras por dizer e os sentimentos por partilhar. Os dedos afastam-se e os nós dos dedos já não se encontram como faziam há tanto tempo.

Se não ouvem a mesma música porque teimam em tentar dançar?
Percebe-se a ausência de harmonia e o sorriso,… o sorriso é mais piedade que cumplicidade.
O embaraço assola quem, à volta, sente o ridículo que lhes escapa.
Alheios ao desencontro, batem nas esquinas sem perceber porque não dançam os pés ao som da mesma música.

Surpreendidos um dia pelo colapso do ânimo e pela recusa do mundo em rodar ao contrário, perguntam pelo que correu mal e sentem que a injustiça os assaltou. E acham que foram mais uma vítima inocente do acaso munido da foice negra da morte dos planos.
Da morte dos projectos.
Da morte dos sonhos.
Do definhar da vontade
E da desistência do sentido e do propósito que achavam que deveria ter tido a vida.

Tudo culpa do mundo louco e das coincidências perdidas.

Quando se levantarem de manhã e não tiverem vontade de fazer,
Vontade de sorrir,
Vontade de querer
E sentirem o peso das coisas como se as carregassem há muito, estará concerteza na altura de perceber que o vosso mundo, esse maluco, está a ficar farto de rodar ao contrário.

Não é para esse lado, minha gente. É para o outro.
E não deixem que passe tempo demais.

Pode ficar tarde… para ser feliz.


5 comentários:

Chellot disse...

Esperava ser uma música suave, mas agora percebo que é vibrante. As cordas retesadas a espera do toque certo para fazê-las cantar, no entanto o silêncio predomina. Os ciclos são imutáveis nesta roda louca e em nossa teimosia sustentamos o óbvio sem questionar sua verocidade.
É hora de mudanças, de seguir adiante..

Beijos de rosas e vinho.

Anónimo disse...

haverá sempre tempo para ser feliz...haverá sempre tempo para mais uma dança, porque pedras que rolam encontram-se, mesmo que o tempo gire ao contrário...

Maria Carvalhosa disse...

Meu amigo,

Há muito tempo que não lia um texto teu de que tanto gostasse... e olha que eu costumava gostar muito dos teus textos. Não dos últimos. Deste, voltei a gostar. Muito. E tinha que te dizer.

Um beijo.

Mary Mary disse...

Olá! Há muito tempo que não vinha aqui... :(

Adorei o texto, fiquei a flutuar! Beijinhos

Inês disse...

......*