-Se um dia deixar de ser perturbado, desmorona-se também a essência de mim-
"Geme o restolho, triste e solitário
a embalar a noite escura e fria e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário"
Ter que viver e calar surdo,
não fosse alguém ouvir
e adivinhar que desconheço
o destino das gentes
a embalar a noite escura e fria e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário"
Ter que viver e calar surdo,
não fosse alguém ouvir
e adivinhar que desconheço
o destino das gentes
"Geme o restolho, preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem cor e sem vontade"
Depois da luz dos dias
se apagar no breu seco
apresso o passo
para não perder o tempo
de fazer coisa nenhuma
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem cor e sem vontade"
Depois da luz dos dias
se apagar no breu seco
apresso o passo
para não perder o tempo
de fazer coisa nenhuma
"Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda"
Dizes que não
Aos olhos
Enfeitiçados de sangue
Pelas mãos
Que me perderam
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda"
Dizes que não
Aos olhos
Enfeitiçados de sangue
Pelas mãos
Que me perderam
"Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver
e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
para a receber daquilo que aumenta o coração"
Apagar será deixar de ser
Virar e já não ver
o andar que se fazia de costas
para não perder de vista
o rosto de Eurídice.
A vertigem de descidas
Com o pesar de não mais poder
E sentir o calor
Quando paravas
Nos lagos gelados
De um peito incrustado
Pelo sal
Das lágrimas que ficaram por chorar.
Os dias sucederam-se
Nos espaços
Preenchidos já pela memória
Do presente
Sempre menos que perfeito.
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver
e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
para a receber daquilo que aumenta o coração"
Apagar será deixar de ser
Virar e já não ver
o andar que se fazia de costas
para não perder de vista
o rosto de Eurídice.
A vertigem de descidas
Com o pesar de não mais poder
E sentir o calor
Quando paravas
Nos lagos gelados
De um peito incrustado
Pelo sal
Das lágrimas que ficaram por chorar.
Os dias sucederam-se
Nos espaços
Preenchidos já pela memória
Do presente
Sempre menos que perfeito.