1. quem fala muito mais do que tu
2. quem fala muito menos do que tu
Pensa ainda nos teus amigos, e diz-me:
a) quem te ouve com mais atenção e interesse
b) quem precisará de mais tempo de antena do que lhe dás, para poder partilhar o que quer que seja que lhe é mais caro e, talvez, mais difícil de falar
c) quem procura o teu apoio
d) quem precisa de ti sobretudo para projectar em voz alta as angústias, vitórias, alegrias e tristezas para as quais precisa de solidariedade e partilhar o ónus do esforço e a glória de ganhar.
As conclusões que tirares ficam para ti e serão todas de valor, por teres pensado no assunto.
Seria tolo tentar falar, em geral, de um tema que pode ocupar enciclopédias, por isso não vou pensar em atirar-me para fora de pé, assim, na generalidade. Já na especialidade de algum capítulo deste tema... para mais tarde, talvez.
Em boa verdade, não há aqui nenhum juízo de valor, porque há sempre alguém que fala mais ou menos que tu.
O problema pode existir (mas não é obrigatório) se alguém falar muito mais ou muito menos que tu.
É que, se o fiel da balança das relações de amizade estiver muito inclinado para um dos lados, em vez de win/win, como deveriam ser as boas relações, temos win/neutral, em que há um que beneficia e o outro... não.
Quanto à 2ª parte do que te pedi, proponho que penses se consegues cumprir os papéis a), b), c) e d), em relação às pessoas que te são próximas.
- Consegues ouvir com atenção e interesse, sem desviar para ti a conversa até que se esgote o tema da outra pessoa? Quando alguém começa a conversar sobre um tema seu, gosta de acabar. Se o/a deixarem...
- Deixas espaço para brilharem mais estrelas no teu firmamento? E alimentas-lhes a luz?
- Ofereces-lhes as tuas ideias sobre o que te falam, sem roubar o papel de protagonista, para que sintam um conselho e não um exemplo que alguém te parece forçar a seguir, como o único caminho para alcançar a luz?
- E ainda, tens paciência para calar a tua voz nos momentos em que alguém precisa apenas de soltar o que tem dentro?
Falta o final, tem paciência.
Para uma aproximação ao equilíbrio entre as pessoas, nas relações, sejam elas quais forem; conta-me, também em relação aos que te são próximos:
- falas-lhes de ti? Do bom, mau, alegre e triste?
- tens a quem "sequestrar" para desabafar aquela terrível angústia ou estrondosa vitória, sem sofrer julgamentos, e pena com juíz e carrasco preparados para a execução?
- procuras alguém para debater temas mais difíceis e ouvir opiniões que respeites?
- tens quem esteja do teu lado mesmo depois de saber que cometeste o pior dos crimes e que, ainda assim, lutará contigo contra o mundo?
Não se podem tirar grandes conclusões. Pelo menos daquelas que se aplicam a qualquer um.
Mas podes tentar decidir se quem tens à tua volta te preenche e se deixa preencher por ti, de forma equilibrada, como deve ser a de grandes amigos.
Aqueles que achares que sim, agarra-os com mais força do que aquela que geralmente achas que tens.
Aos outros, que aches que podem chegar onde já estão os anteriores, dedica-lhes mais tempo do que imaginares que é possível.
E aos outros,...
Poupa a energia que desperdiçarias nesses, para aplicar em quem merece fazer parte da tua vida. Poderás um dia oferecer-lhes, e receber, en passant, um abraço rápido acompanhado de um sorriso simpático.
Passamos muito tempo a investir em projectos perdidos.
E o nosso tempo, como a nossa energia, afinal, tende para zero.
E um dia, definha de vez.
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