Experimenta cansar o corpo.
Experimenta exigir de ti: exige da paciência que foge, exige da tolerância que não tiveres, aproxima-se da insanidade com as decisões loucas que tomas nalguns dias mais fatais, trabalha ao ritmo que só tu sabes que esgota as baterias que já não tens há tantos anos. Anestesia o pensar, o sentir e o agir.
Finalmente, deixa instalar a tristeza no peito já velho de tanto andar e correr pelo tempo fora sem se dirigir a lugar nenhum.
E baixa os olhos para não se ver a cor de morte que te assola a alma, enquantos ouves a música de um qualquer cortejo de pesar.
Quão verdade é o dizer que defende que os olhos espelham o sentir de quase toda a gente. Somos sempre capazes de esboçar um sorriso, de rir, até, em gargalhadas altas, mas não somos capazes de desmentir o denunciar flagrante que se expõe na ausência do “sorrir do olhar”.
Há dias melhores que outros e há aqueles realmente difíceis em que sentes que te alimentas de uma miserável bolha oxigénio sem horizonte que se apresente na esquinas consecutivas do teu viver. Esquinas consecutivas…
Consegue-se viver assim…? Quase sempre. Para uns é injustamente fácil porque têm os olhos postos nos pés e o sentir à frente do nariz. São menos, por isso? Não. São mais, por isso? Também não. Mas é mais fácil. Não arriscam os grandes prémios mas estão também, por isso, defendidos das grandes derrotas.
E tu, jogador compulsivo, passas a vida a apostar consecutiva e, quase, irracionalmente, à procura daquele grande prémio que – como sabem todos os viciados no jogo – está à tua espera já ali. A seguir a mais uma esquina. É só mais uma dose…
São cada vez difíceis de dobrar: as esquinas e as pernas para obrigar a carcaça a andar quando a recusa de mexer é tanto mais sã quanto lógico é o argumento que defende que pares e desistas. De andar para lado nenhum.
E, ainda assim, agarras-te aos pequenos nadas e, se não tens para ti, convences-te que também há vida na missão de oferecer e dar. Mas isso não dura.
E tu é que tinhas razão, amigo Paulo: é para lá de fodido equilibrar a porra do otário do missionário com o peso e a agressividade estúpida e gratuita do tubarão assassino.
É que, no meio, não há vida que resista e, em lado nenhum estás todo.
A ausência do ser que te falta acaba sempre por doer mais que a presença do pouco de ti que tens a teu lado.
E o balanço enlouquece-me.
Experimenta exigir de ti: exige da paciência que foge, exige da tolerância que não tiveres, aproxima-se da insanidade com as decisões loucas que tomas nalguns dias mais fatais, trabalha ao ritmo que só tu sabes que esgota as baterias que já não tens há tantos anos. Anestesia o pensar, o sentir e o agir.
Finalmente, deixa instalar a tristeza no peito já velho de tanto andar e correr pelo tempo fora sem se dirigir a lugar nenhum.
E baixa os olhos para não se ver a cor de morte que te assola a alma, enquantos ouves a música de um qualquer cortejo de pesar.
Quão verdade é o dizer que defende que os olhos espelham o sentir de quase toda a gente. Somos sempre capazes de esboçar um sorriso, de rir, até, em gargalhadas altas, mas não somos capazes de desmentir o denunciar flagrante que se expõe na ausência do “sorrir do olhar”.
Há dias melhores que outros e há aqueles realmente difíceis em que sentes que te alimentas de uma miserável bolha oxigénio sem horizonte que se apresente na esquinas consecutivas do teu viver. Esquinas consecutivas…
Consegue-se viver assim…? Quase sempre. Para uns é injustamente fácil porque têm os olhos postos nos pés e o sentir à frente do nariz. São menos, por isso? Não. São mais, por isso? Também não. Mas é mais fácil. Não arriscam os grandes prémios mas estão também, por isso, defendidos das grandes derrotas.
E tu, jogador compulsivo, passas a vida a apostar consecutiva e, quase, irracionalmente, à procura daquele grande prémio que – como sabem todos os viciados no jogo – está à tua espera já ali. A seguir a mais uma esquina. É só mais uma dose…
São cada vez difíceis de dobrar: as esquinas e as pernas para obrigar a carcaça a andar quando a recusa de mexer é tanto mais sã quanto lógico é o argumento que defende que pares e desistas. De andar para lado nenhum.
E, ainda assim, agarras-te aos pequenos nadas e, se não tens para ti, convences-te que também há vida na missão de oferecer e dar. Mas isso não dura.
E tu é que tinhas razão, amigo Paulo: é para lá de fodido equilibrar a porra do otário do missionário com o peso e a agressividade estúpida e gratuita do tubarão assassino.
É que, no meio, não há vida que resista e, em lado nenhum estás todo.
A ausência do ser que te falta acaba sempre por doer mais que a presença do pouco de ti que tens a teu lado.
E o balanço enlouquece-me.
2 comentários:
Decididamente, mac, para autobiografia, o retrato é mesmo (até para mim) demasiado negro.
Não te conheço e, no entanto, ao ler-te, reconheço-te, dentro de mim, nos meus dias mais sombrios, quando a angústia tem um peso desmedido, o sorriso dos lábios é forçado (para tentar dar ânimo a um doente ou antes de entrar, com os colegas, no bloco operatório). O sorriso do olhar, esse está, decerto, ausente... há tanto tempo que não sei por onde anda! Vamos fazer um acordo? Se nos ajudarmos mutuamente na procura, pode ser que reencontremos, no olhar do outro, o sorriso perdido. Parece-te bem?
Beijo terno.
Olá Mac,
Perante a ausência de resposta a esta minha séria proposta, pergunto-me porquê...
1. Ousada?
2. Descabida?
3. Sem-sentido?
4. Não sabes/não respondes?
Um beijo, apesar de tudo.
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