Ainda que possamos defender uma qualquer outra teoria evolucionista não há como não sentir uma imensa admiração pelo homem que percebeu que foi, e continua a ser, através destes arroubos, destas farpas que espreitam através da normalidade que a vida se fez grande e imensa.
Mas nem todos sobrevivem; como qualquer artista, ou mãe, a natureza não consegue fazer vingar todos os seus estranhos filhos que tão carinhosamente produz e deita para a selva do ser, acabando muitos por desaparecer às mãos do carrasco tempo. Sejam rochas ou formas de vida mais atrevidas, todos são perseguidos por esse crítico impiedoso das coisas novas que fez sua a missão de travar a evolução da vida e coisa nova.
Num assomo maquiavélico criou a morte, que colocou às costas de todos e, com isso, tornou pesado o caminho, para uns, enquanto noutros fez nascer, numa flagrante e irónica surpresa, a inquietude que deu lugar à urgência de ser, estar, fazer ou sentir. Nesses, a natureza viu nascer aquele sorriso de quem olha para espinhos e pedras e sonha com um novo caminho. Para esses, a morte, tão elaboradamente tecida pelo tempo, não foi mais que um ponto na imortalidade do que nos deixaram, fosse uma ideia, um sorriso de paz ou uma revolução de sentir ou fazer.
Para nós, filhos desses sobreviventes, resta-nos o repto: sucumbir ao tempo e à sua morte ou fazermo-nos grandes na senda da fugaz herança do V império?
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