quinta-feira, dezembro 15, 2005

homenagem à alcateia


Será concerteza um dos últimos posts que escrevo neste teclado onde passei muitas horas.

Atirei-me a este trabalho com a entrega com que faço praticamente tudo a que me proponho. E não foi fácil.
Empurrei as horas dos dias até mais tarde, inflecti o comportamento tranquilo, de que mais gosto, e gastei as palavras todas que tinha deixado de reserva para dias de maior necessidade. E não foi fácil.
Sorri, e deixei de sorrir. Fiquei mais triste e depois passou. Fiquei zangado, irado até. E também passou. E não foi fácil.

E tinha gente diferente. Tinha uma alcateia de gente. Havia presas brancas que se viam reluzir de dia. Havia sangue na arena e aroma de conquistas. E não foi fácil.

Houve momentos sinceros. E outros nem tanto; a natureza não deixava, e a guerra não se compadecia de guerreiros fracos. E não foi fácil.
Houve confiança. Mas nem sempre. E não foi fácil.


Numa alcateia, ruge-se dentro, mas não se mordem. Guardam-se forças e ataca-se o resto do mundo em bando, com sede de morte e os dentes cerrados.
Isso, foi fácil.

E tive coisas boas. Senti alguns sucessos. Senti que estive pouco tempo, para... para o que gostaria.

Entreguei as palavras aos dias em que dormia fora. E gostei muito dessa parte dos resultados. Vendi os sonhos aos homens e às mulheres a quem queria trazer para vencer connosco. E não foram maus, os resultados.
Montei paliçadas e larguei o exército do eu sozinho, à caça de novas hostes para representar os sonhos que também lhes vendi. E gostei dos resultados.
E tive aqui, a solidariedade, inestimável, do resto da alcateia. E gostei ainda mais.
Senti a raça de ser e o orgulho de pertença. E gostei.
Senti o brio de ser de muitos e ter conquistas nossas. E gostei.

Partilhei 10 meses com gente a quem não posso deixar de prestar homenagem. Gente bem diferente. Todos. Gente bem diferente. De mim. E gente com quem não concordei sempre. Mal fora, seria sinal de falta de carácter, de uns ou de outros.

Saio para melhor, é certo. Matéria, responsabilidades, condições. Tudo bom, é certo. Mas não consigo sair contente.
Sabem, é que não se encontram alcateias em todos os bosques do viver...



E disso, vou ter saudades.

Das caçadas. E dos lobos.




4 comentários:

Maria Carvalhosa disse...

É muito bonita a tua Homenagem à Alcateia. Lamento não ter feito parte dela. Cheguei tarde. Acontece-me com frequência...

Hás-de ter as tuas mais do que justificáveis razões (e quem sou eu para as questionar?) mas, nem por isso me deixa de parecer francamente mal ires abandonar o blog. Uma pessoa que sabe escrever tão bem, como tu o fazes, não pode dar-se ao luxo de pular assim para fora do barco. É de uma grande injustiça (para não dizer mesmo irresponsabilidade) para com o resto do mundo que se apegou aos textos que ias deixando e os tomou como certos e permanentes. Para aqueles que, imagino, aguardavam com ansiedade um novo post teu, que fruiam o que neles dizias e se perdiam em devaneios nos interstícios do que não dizias.

Parece-me uma partida demasiado prematura... ainda para mais, logo agora que eu cheguei!!!

Anónimo disse...

Não vás!

Lcego disse...

Por favor!

Anónimo disse...

Tardiamente venho a verificar e a entender certasv... chamemos-lhes nuances. Mas fica o registo... Esta apagada e reservada parte da alcateia vai sentir a falta do teu profissionalismo. Keep in touch
O< k >apa?