quarta-feira, maio 10, 2006

perdi...


...a conta ao aroma de inverno que se afasta enquanto chega o tempo de verão.
o ontem funde-se com os tempos que estão e seguem, e deixam mais próxima a languidez do tempo de praia.
arrasto os olhos de forma descarada, como é hábito, e fixam-se por onde passam os minutos do meu tempo.
voltou um tempo de outro heterónimo.

renasceu de entre as lutas titânicas pelo domínio das letras que escorrem das pestanas molhadas, pelo sal do mar. e fica até lhe apetecer, comme d'habitude.
travam-se batalhas de silêncio pelo posse dos sons mais pesados e dos gritos mais altos e não há maneira de declarar vencedores nem vencidos. arrastam-se feridos para mais uma injecção de qualquer droga mortal que os permite voltar a cruzar os ferros e agarrar os punhos com vontade de vencer uma guerra que não tem fim.

esgrime-se com arte enquanto se mata com crueldade a natureza social das coisas do mundo.

e vê-se caminhar, indiferente ao tempo e à angústia do prazer de querer, entre os despojos de um mundo assustadoramente novo.
só vale a pena viver com o sangue nas veias.

2 comentários:

Lcego disse...

Nunca se corta os pulsos duas vezes.

mac disse...

felizmente para todos, a capacidade de regeneração é directamente proporcional à capacidade de sofrimento.
mas quem não passa por tempos difíceis é porque não arrisca e, por isso, não tem porque necessitar de renascer.
tem um preço, ninguém nega, mas ousar e querer têm também sempre retorno de viagem para a riqueza de quem desafia.