não é obrigatório, mas quem escreve é curioso sobre outros que escrevem.
ler, é um exercício activo onde o nosso imaginário é despertado por aquilo que lhe é sugerido pelas letras e palavras de quem escreveu. escrever, também é um exercício activo, mas implica a criação. implica virar para dentro os olhos ou para fora os sentidos e cheirar o ar enquanto se processam os sentimentos, as opiniões e os desfechos mais ou menos rápidos sobre o que quer que seja.
escrever implica gostar do desafio de desafiar os olhos a lerem as palavras que vão saindo mais ou menos conscientes e premeditadas. ou não.
mas saem coisas.
ganham vida os pensamentos ou tão só os sentires vadios e encaram o mundo de frente e depois, viram-se para nós.
e olham-nos de frente e enfrentam-nos.
e não temos como escapar. germinaram e foram paridos. e agora temos que lidar com eles.
escrever pede que se tenha a coragem de falar com o próprio, ou com um deles... e aceitar a loucura como uma parte de nós, a ponto de, se calhar, podermos dizer que loucos são os que não falam sozinhos.
e a curiosidade existe, naturalmente, entre quem escreve. "este ou esta - pensa-se - é um louco cá dos meus. e encara os espíritos da noite em que se abrigam os normais".
tanto também não, que é exagero, mas uma coisa é certa: existe por vezes uma certa deferência pela coragem de escrever. entre os que escrevem.
e achamos-lhe graça e alimentam-nos a curiosidade, quase todos os dias.
4 comentários:
Tá bem... abraço
Cara e Coroa, ou a dupla face do disco:
E sabes que (desculpa-me lá e perdoa a presunção, porque é meio a sério quase a brincar) por vezes leio-te e julgo que um de nós é o Alter-Ego do outro. Ainda num decidi qual é qual, mas também, dado o calíbre da bojarda opiniativa, pouco importa.
E é por isso que te vou lendo: Se tivesse que escolher ser outro eu que num eu (mas é que só mesmo óbrigadinho, a caminhar na prancha de mãos atadas e olhos vendados), totalmente diferente mas bastante assimétrico - que é igual, só que do outro lado do espelho - pois, e ainda noutra encarnação, gostava de ter a oportunidade ser mais como tu.
(torno a repetir, mas isto só se tivesse mesmo, mesmo que ser.)
Em Baraço
Eu gosto de ler toda a gente que diz coisas que eu jamais diria, assim passam a ser também minhas e abarco muito mais nesse abraço.
O que vejo é que aqui 'ninguém' escreve... Não chega já de férias?
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