segunda-feira, janeiro 29, 2007
e se as mãos
pudessem acender o corpo de alguém e desvendar o encanto... e se pudessem entrar e viver dentro onde não haveria mais que o som doce de um violino que gemia de prazer com os amantes... e se as memórias desse tempo não chegarem para viver?
sentiu fugir a luz por entre os dedos e desvanecer a música que morreu com ele, devagar, e carregado de saudades.
partir
ouvi dizer a uma mulher que o altruísmo é a forma mais requintada de egoísmo. ainda hoje respeito o que aprendi e tenho utilizado esta expressão tantas vezes que chego a senti-la minha de tão verdade que é.
mas a coisa pode não bater certo ao deixar ir embora alguém contra o nosso benefício...
porque deixam afastar-se as pessoas durante tanto tempo até chegar ao ponto onde não há outra alternativa que não seja,... deixá-las partir... a pergunta é quase ofensiva.é como estar parado numa qualquer linha de comboio e ver aparecer ao longe aquele vulto gigante e agressivo em movimento.
há quem teime em não olhar de frente para o destino que se aproxima rapidamente. ignoram o barulho daquela buzina estridente que apita para sairem da linha, fazem de conta que não sentem estremecer o chão debaixo dos pés e viram-se até de costas para olhar para a frente, como se a vida pudesse ser salva a olhar na direcção oposta dos problemas. ouvem-se as rodas de encontro ao metal dos carris a consumir o resto do tempo. e não há quem os consiga mover ou sequer fazer olhar a morte de frente.
morrem sempre sem esperar e gastam os últimos momentos do tempo revoltados com a má sorte.
que surpresa...
e se te chamasse tempo
Olhava para ti hoje com a saudade das memórias de ontem e a incerteza própria de amanhã. Acompanhava-te uma música triste onde um violoncelo gemesse baixinho um chamado por ti, que ninguém ouvia. Nem tu.
Perdia nisto uma eternidade a chamar baixinho para ninguém ouvir. Para quê? Para gastar a energia que me consome e assim ocupar distraído o tempo que me falta.
O teu tempo por mim tão depressa como as minhas mãos pelo corpo esguio de uma mulher que se perdeu num dia frio em que deixou uma dor queimada pelo gelo da ausência do teu calor.
Porque custa, pedi que me dessem remédios antigos e cobriram-me as feridas de emoções, para penar menos. Pelo tempo que já passou, parece que foi ontem que partiste de tão presente que sinto ainda cair os últimos restos da tua alegria.
É um adiamento que se faz, para não ver nem adivinhar a realidade brutal própria destas coisas: uma ferida aberta pode fazer perder um bocado da gente.
Engano maluco de pensar e acreditar no quão fácil vai ser viver sem um bocado de si, só porque… o tempo passou rápido demais. Escorregou-me das mãos a água que tentava guardar porque alguém me dizia que podia guardar o teu reflexo. E pensei que conseguia guardar também o teu tempo. Parado. Enquanto sorria e me reclinava no céu que ainda tinha em ti.
Vale a pena. Vale a pena. Vale a pena. Vale sempre a pena ouvir, ver, fazer e sentir nascer e até morrer a vida que se afasta de nós.
Ficam para trás os restos dos farrapos do tempo a que nos agarramos como se as memórias fossem ainda gente… mas vão-se embora bocados de nós que nunca mais voltam.
Perdia nisto uma eternidade a chamar baixinho para ninguém ouvir. Para quê? Para gastar a energia que me consome e assim ocupar distraído o tempo que me falta.
O teu tempo por mim tão depressa como as minhas mãos pelo corpo esguio de uma mulher que se perdeu num dia frio em que deixou uma dor queimada pelo gelo da ausência do teu calor.
Porque custa, pedi que me dessem remédios antigos e cobriram-me as feridas de emoções, para penar menos. Pelo tempo que já passou, parece que foi ontem que partiste de tão presente que sinto ainda cair os últimos restos da tua alegria.
É um adiamento que se faz, para não ver nem adivinhar a realidade brutal própria destas coisas: uma ferida aberta pode fazer perder um bocado da gente.
Engano maluco de pensar e acreditar no quão fácil vai ser viver sem um bocado de si, só porque… o tempo passou rápido demais. Escorregou-me das mãos a água que tentava guardar porque alguém me dizia que podia guardar o teu reflexo. E pensei que conseguia guardar também o teu tempo. Parado. Enquanto sorria e me reclinava no céu que ainda tinha em ti.
Vale a pena. Vale a pena. Vale a pena. Vale sempre a pena ouvir, ver, fazer e sentir nascer e até morrer a vida que se afasta de nós.
Ficam para trás os restos dos farrapos do tempo a que nos agarramos como se as memórias fossem ainda gente… mas vão-se embora bocados de nós que nunca mais voltam.
quinta-feira, janeiro 25, 2007
a música
acompanha o passos mais lentos que dou na vida.
de tão pequenos que têm sido, sinto a música calada e as pernas paradas. parece até que lhes falta uma pista para correrem entre outras num estouro que vacila entre o querer o vencer e a partilha de uma coisa qualquer de que se gosta.
saía suave, ao longe, com passos contidos, de natureza esquiva e tímida.
a melodia da música de viver é deliciosa como as cravinetas do campo: lindas e singelas aos olhos de quem pára para ver mais devagar.
de tão pequenos que têm sido, sinto a música calada e as pernas paradas. parece até que lhes falta uma pista para correrem entre outras num estouro que vacila entre o querer o vencer e a partilha de uma coisa qualquer de que se gosta.
saía suave, ao longe, com passos contidos, de natureza esquiva e tímida.
a melodia da música de viver é deliciosa como as cravinetas do campo: lindas e singelas aos olhos de quem pára para ver mais devagar.
Subscrever:
Mensagens (Atom)