quinta-feira, janeiro 13, 2005

acerca da arte


Uma peça de arte tem a característica de evocar mais do q o espírito do artista. Seria demasiado óbvio, esse já lá está, embora encriptado atrás de uma linguagem ou imagem q ele percebe, de si para si.
A vantagem, como dizia o homem, é a existência da emoção de reflexo, de uma sociedade com a qual partilhamos os valores correntes. Esse reflexo que o artista produz, adapta-se depois à forma de cada um, concretizada na experiência pessoal e vivência que cada pessoa tem. Autobiográfico? E porque não? Minha autobiografia? Não. A de todos, em que identificamos e tomamos como nossos alguns fragmentos, ou o próprio todo. "Era capaz de jurar que em ti existe um bocadinho de cada uma daquelas gotas... Se calhar existe em cada um de nós". As palavras são tuas, mas fazem jus à obra.

De repente vemos, e sentimos a equivalência de alguma coisa que nos desperta um pequeno nada. Ou menos pequeno. E é nesta identificação ou reconhecimento de gostares e bem quereres que temos as preferências artísticas.
Gostar é assim: "Humm.... gosto!" Não é: "Vou analisar e pensar se gosto." Mas também pode ser: "Parece que estou a começar a gostar disto." E este último processo é curioso porque o ser humano demora mais tempo a fazer ligações com o seu ente mais profundo. Parece que não é nada, pois a ligação não está à superfície; mas depois emerge lentamente a reciprocidade. Que não se leia que quem estabelece com a "arte" primeiras sensações de equivalência não possa vir depois a estabelecer os laços mais fortes. É uma feliz coincidência, mas pouco relevante, no final do caminho.

O assunto é fascinante, como o são os seres humanos e aquilo que sentem, como sentem e quando sentem.
Nunca me vou esquecer do que disserem, pessoas diferentes, em ocasiões diferentes:
"O indivíduo é perigoso porque ouve para além do que se lhe diz e mais do que gostaríamos de lhe dizer".
Não foi bem assim mas a ideia era esta. E a tradição ainda é o que era: perigoso não, como nunca foi, mas um amante incondicional do pensar, do sentir e do pensamento sobre o sentimento. Isso, penso que nunca mudará.

...Parece q não estamos a comunicar mto bem... eu e as minhas mão. Se já disse que por ora, chegam de dissertações... Teimam os dedos e toldam-se-lhe as barreiras da censura para escreverem sozinhos aquilo de que gostam. Sempre faltou quem percebesse os dedos... "This world was never ment..."


18/4/2001

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