quinta-feira, maio 11, 2006
todos os dias se morre devagar
mas de vez em quando assalta-nos a vida a malvada da morte que teima em arrastar pessoas de quem gostamos e destruir por muito tempo as felicidades ainda mal sustentadas em cima de pequenas paliçadas tímidas e capazes de imaginar em sonhos soltos de olhos abertos um futuro feliz.
eu vi os olhos dela e a imaginação a passear por tempo de sol.
e, de repente, com a brutalidade de um soco nos olhos e um pontapé nas costas, arrancaram o tempo de viver a uma gente amiga quando atiraram raios de fogo para o peito de um bom fulano que tinha o coração doce por gostar de viver. viver com ela.
não se poderá arrumar e repartir a força do coração para amar sem pagar por isso o preço do corpo que sucumbe? egoísta de merda, o corpo da gente, em tanta coisa e também nesta.
não há lágrimas que se possam derramar para outra coisa que não seja fazer da água à sua volta aquele elemento que ameniza as temperaturas absurdas e tempestades horríveis por que deve estar a passar esta amiga.
se a proximidade valer o conforto dos ombros gigantes que tenho, não te preocupes com o sofrer. eu apanho um pouco do teu, e fica comigo até o afastar de ti.
porque as homenagens se fazem por carinho, por mérito absoluto, por solidariedade, e por uma imensidão de coisas, e por tudo isto junto, este post é em memória de pessoas boas, sempre vivas no que de mais precioso temos: o tempo. seja ele um tempo real e presente ou antes um tempo de memórias tão vivas como os dias que escorrem incertos e tantas vezes com menos valor.
mais novo que eu. humano, sincero e um sorriso franco que lembro com facilidade. e boa gente. logo este, entre tanta merda que havia para dispensar.
Para o Rui e para a Vanessa, com carinho, ainda no calor do assalto estúpido das notícias.
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3 comentários:
As lágrimas ainda me escorrem pelo rosto. Não só pela brutalidade do texto como pelo que descreve. Também eu não consigo deixar de ver, desde ontem o rosto doce e amigo e os olhos brilhantes do Rui. E de imaginar a dor da Vanessa. Eles são boa gente. Não mereciam esta fatalidade tão brutal. Mereciam ser felizes como vinham a idealizar.
Um dia, Mário, tomaste as minhas dores, também neste blogue. E deste-me um abraço de esborrachar mamas em Santa Marta, e eu quase não conseguia abrir os olhos, estavam muito inchados, eu tinha estado a chorar com soluços sentada no hall, sem me conseguir levantar, e os Bonsais da sala absorveram parte da minha tristeza e morreram por mim, e tu ficaste com um bocadinho de dor, também, tu e a m., e também me ajudaram a viver.
É piroso sim. Dizer que amamos os nossos amigos, a nossa família numa base diária. Fica melhor em inglês, mas eu corro o risco de ser ridícula, mas ninguém me garante que estou cá amanhã e, por isso, cá vai - gosto muito de ti e da outra M. Para todo o sempre.
you are so very welcome that I can only which that you won't be needing that "me" again.
Mas sempre que precisares... há espaço para muito mais.
mama esborrachada incluído.
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