sexta-feira, junho 30, 2006

foi um comment. hoje é uma mensagem de ânimo a uma amiga


assiste-te o direito de investir contra fronteiras determinadas em tempos que já ninguém se lembra e que continuam presas pelos arames estúpidos das convenções e da acomodação.

bendita inquietude que te vai permitir saborear a 300 os aromas das peles novas que se vão criando e caindo em ti, ao sabor de mais um dia que passa e que merece ser diferente, porra! porque têm que ser iguais os minutos entre si e as horas através dos meses?!
claro que não se vive sereno, é claro que a paz e a tranquilidade e a mantinha e os chinelos não fazem parte desse viver, mas alguém os chamou?! espero que não.

o conformismo e o ordinário nasceram e cresceram com o vulgar e o comum. não pertencem à loucura de ser diferente, de querer diferente, e de arriscar viver e saborear até faltarem as forças aos dias para acompanharem este andamento. temos pena!!

se fica gente pelo caminho, se ficam coisas por fazer, ou se se têm prazeres, alegrias e vitórias e batalhas diferentes, que outros não vêm e lhes custa a compreender... temos pena. temos pena. temos mesmo pena, porque se calhar era preferível não perder nada.
não haja ingenuidade na cabeça de ninguém: aos maiores riscos correspondem os sabores que gritam mais alto, mas também as dores mais surdas.e não há nada a fazer. e é um preço que é devido. e só vai a jogo quem quer.

se é consciente e ciente de tudo, então atira os cabelos para o lado, como só tu sabes fazer e sorri com a convicção de que não há nada nem ninguém para te parar. e qualquer alma que goste de fado, vai ficar orgulhosa de ti.

e se um dia

os rios chorarem?

como lhes reconhecemos as lágrimas?

quinta-feira, junho 29, 2006

perder


O que é importante perder?


O que é importante não perder são os sentidos, porque sem os sentires, o resto é vão de sentido e cheio de significado absolutamente nenhum.

ao som de um piano e violinos que matam


E se não souberes o espaço
Que ocupa o meu peito em ti?
E se não te lembrares do tempo
Em que fui teu?

e se, para onde fugires de novo
te seguir a memória de uma recordação viva
que te preencha a carne
e te emprenhe o espírito
de um desejo que abafe a dor de não me veres?

Vais deixar de me querer?
Vou esquecer-me do que vivi
Entre os espaços perdidos
Nos passos em que morei em ti?

Já ninguém conta a ninguém
A arte de fazer e querer bem.
Já ninguém acredita que as pedras choram
Quando vêem passar um pássaro triste.

E perdem a esperança de sonhar
Enquanto assistem ao desfilar dos dias
Que passam ao lado do teu corpo
Que pede baixinho para se cumprir o destino
De ser todo meu.

E o tempo que não pára
Para respirar mais devagar
Ao som
Das músicas que gosto.

fade away

sopram ao longe as mágoas de um tempo incerto e escorrem pelos trilhos secos as lágrimas de um povo abandonado à sorte que não pediu e menos mereceu.
a vida não é justa, mas isso, tem sido anunciado amiúde.

perto do chão do espaço vazio
ocupado pelos restos de ti,
invento as histórias
que os meus sonhos
publicam a cores nos dias do meu viver.

embalado pelas memórias que não se apagam
acossado pelos minutos espaçados entre as horas do tempo que não passa
e a imensidão de segundos que já se passaram desde a última vez,
atiro para trás de mim os olhos tristes de um tempo que não é de ontem nem de hoje
e que, em boa verdade, não é de ninguém...


(work in progress... or not)

segunda-feira, junho 26, 2006

perturbador

"nada me sacia"

a frase, li-a no vôo para Lisboa, quando acabei o livro que me ofereceu o João: "O sol dos Scorta" de Laurent Gaudé.

Caramba, que furacão de livro. Que loucura, que ritmo, que enredo... deixou-me um nó na garganta, o sacana do livro. e não é fácil.

a frase é do livro, mas também podia ser minha.
e é perturbador.
mas não é sempre mau.

sexta-feira, junho 23, 2006

away

há já muito tempo.
com o corpo abandonado em cima dos papéis e assuntos que chamam e exigem mais atenção e tempo e oxigénio do meu respirar do que eu gostaria.
mas não foi, e não é, sempre assim.

desde há uma semana que passeio e trabalho numa cidade diferente. foi temporário. já estou de volta. daqui a poucas horas apanho o avião para Portugal. para casa, para a minha casa. sinto falta da minha casa.
tenho estado em Viena. a cidade é bonita. mas não me apaixona. é como aquelas mulheres muito certinhas que são interessantes de ver mas não arrebatam o espírito nem têm a loucura que tempera com sal a vida de gente como eu.
Viena é bonita mas, como eu dizia desde o 2º ou 3º dia, "isto, mais ou menos, está visto". E era mesmo assim. o ambiente repete-se, a arquitectura é bonita mas monótona, as pessoas não têm sangue quente nas veias.... espera, isto pode ser uma injustiça porque, aqui, as mulheres usam decotes até aos dedos dos pés e a maioria não usa suporte de mama. é verdade. nesse aspecto, a cidade é um desassossego constante. talvez seja o grito de socorro de uma multidão de austríacas que recorre ao ataque directo para despertar vida nos mortos e sonsos dos austríacos. wishfull thinking, i know. mas é uma história engraçada para desenvolver noutro dia.
daqui se vê a distância a que estamos desta gente civilizada e tranquila que diz "this is Viena, no stress" e espera ordeiramente na beira da estrada pelo bonequinho verde do semáforo dos peões, apesar de não se vislumbrarem carros num raio de kms. enfim,... costumes.

a surpresa veio claramente da arte e do museu Leopold. que maravilha!! que delícia que são os Klimt; os Schiele são brutais e divinais, especialmente se os perspectivarmos no tempo em que o artista os pintou, no final do séc. XIX. e os Kokoschka e os outros... não fosse esta ser ma raça de gente e artistas que parece desinibida como poucos. até no pintar. enfim, um banquete de iguarias que os olhos beberam sôfregos e a carteira tratou de completar quando perdeu a cabeça no departamento de posters da loja do museu.

mas foi bom, porque assim posso dizer: linda, afinal, a Viena dos artistas, terá sempre um final feliz.
ainda assim, não me passam, as saudades do meu país.

até já.