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Se eu não tiver tempo para escrever, também não tenho tempo para viver.
Se escrever é, geralmente, a primeira parte do meu tempo livre, então se não escreve, muito mal estamos.
Não é fácil enquadrar a vida de hoje, crua e tão fria sem mim, no que sonhei em tempo para o tempo que deveria estar a correr hoje.
Se a distância resumisse o barómetro da satisfação dos meus dias, teria quilómetros de tempestade e metros de neve sobre os caminhos que não chego a percorrer.
Não saio de lugar nenhum, a marcar passo. À espera de uma qualquer marcha que coloque em movimento os membros já quentes de tanto baterem os pés nas lajes frias do chão da parada.
Imagino o dia a entrar e a sair do céu, enquanto as almas penadas pairam cá em baixo, por cima da cabeça dos outros. E nem as horas se ouvem a passar.
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